Um
pouco do que aprendi sobre a síndrome CDLS...
Meu nome é Ducilene, sou mãe do Nicolas
(agora em Novembro/2017 fez 4 meses) e compartilho aqui algumas
pesquisas que fiz e também um pouco da
minha vivência sobre uma síndrome que não
conhecia.
Para
nós, como para muitos pais, foi assustador, pois a cada dia nos deparávamos com
muitas coisas acontecendo sobre a saúde do
Nicolas.
Farei um post futuramente contando e compartilhando cada detalhe dos
acontecimentos e também do crescimento que estamos obtendo com
nosso presente de Deus, nosso filho mais que especial, ao qual lutamos
diariamente para vê-lo feliz e saudável.
Cornélia de Lange é um distúrbio genético muito raro presente desde o
nascimento, mas nem sempre é diagnosticada imediatamente. A
ocorrência é estimada em 1 para cada 50.000 nascidos vivos.
A Síndrome tem o nome da pediatra holandesa Cornélia
Catharina de Lange, que a descreveu, mas você também poderá ouví-la
como a síndrome de Bushy ou Nanismo de Amsterdã.
Até o momento foram
descritas alterações em 5 genes que
produzem uma grande variedade de anomalias
e malformações, esse distúrbio
causa uma série de comprometimentos
físicos, cognitivos e neurológicos. A CDLS
afeta igualmente ambos os sexos e é visto em todas as raças e
origens étnicas.
As alterações genéticas da CDLS
produzem uma diversidade de características físicas e mentais, cito abaixo
algumas delas:
Baixo peso ao nascer
(geralmente abaixo de 5 libras / 2,5 quilos)
Crescimento atrasado e baixa
estatura
Dificuldades na amamentação (alguns pegam o seio da mãe e outros não)
Dificuldades na amamentação (alguns pegam o seio da mãe e outros não)
Atraso no desenvolvimento
Diferenças dos membros
(membros perdidos ou porções de membros)
Tamanho da cabeça pequena
(microcefalia)
Sobrancelhas grossas,
sobrancelhas unidas (synophrys)
Cílios longos
Nariz curto virado para cima e
finos lábios virados para baixo
Cabelo corporal excessivo
Mãos e pés pequenos
Pequenos dentes amplamente
espaçados
Orelhas de baixo ajuste
Deficiências auditivas
90% não adquirem a linguagem verbal
90% não adquirem a linguagem verbal
Anormalidades da visão (por
exemplo: ptose, nistagmo, miopia alta, hipertropia)
Junção parcial do segundo e
terceiro dedos do pé
5 dedos incurvos
(clinodactilia)
Refluxo gastroesofágico
(necessitando ou não de cirurgia)
Convulsões
Defeitos cardíacos (por
exemplo, estenose pulmonar, VSD, ASD, coarctação da aorta)
Fissura Palatina - Fenda Platina
Problemas de alimentação
Ausência de Testículo ou
Testículo retraído (ou seja, testículos que não desceram)
Hipoplasia Genital
Hipoplasia Genital
Hiperplasia Adrenal Congênita (Hiperplasia
Congênita da Supra-renal)
Hérnia Inguinal
Algumas explicações:
Hérnia Inguinal
Algumas explicações:
Eles apresentam
um fenótipo facial característico e é reconhecível com a tecnologia de
"Facial Dysmorphology Novel Analysis" (FDNA).
CdLS pode dar origem a sua
própria variedade de complexidades, por exemplo:
Dificuldade em amamentar é muito frequente, há grande dificuldade para sucção,
ou seja, eles não tem força para sugar o bico do seio e/ou mamadeira, para
alguns é necessário sonda ou gastrotomia, para os que não precisam de sonda, há
um grande estímulo com a Fonoaudióloga para aprender a sugar. No caso do bebê
que aprendeu a sugar, é necessário ficar atento para que ele não perca peso,
pois ao fazer força demais eles perdem muitas calorias, sendo necessário entrar
com a suplementação (fórmula), mas sempre deve-se pedir orientação ao pediatra.
Crianças com
CdLS muitas vezes sofrem de dificuldades do trato gastrointestinal,
particularmente refluxo gastroesofágico. Vômitos, falta de apetite
intermitente, constipação, diarréia ou distensão gasosa são conhecidos como uma
regularidade nos casos em que os problemas do trato GI (Gastro Intestinais) são
agudos. Os sintomas podem variar de leve a grave.
CdLS pode
incluir problemas de comportamento, incluindo auto-estimulação, agressão,
auto-lesão, auto-flagelação ou forte preferência a uma rotina estruturada.
Muitas crianças com CdLS exibem comportamentos de autismo.
Problemas de
comportamento no CdLS não são inevitáveis. Muitos problemas de comportamento
associados ao CdLS são reativos (ou seja, algo acontece dentro do corpo ou
ambiente da pessoa para trazer o comportamento) e cíclico (vai e vem). Muitas
vezes, uma questão médica subjacente causa uma mudança de comportamento. Uma
vez que a questão médica é tratada, o comportamento diminui.
O diagnóstico da síndrome CDLS deve ser confirmado com o exame
clínico CARIÓTIPO e com o exame genético
denominado EXOMA.
No Brasil, temos registrado cerca de 341 casos de CDLS sendo
aproximadamente 15 com confirmação genética, mas essa quantidade já está
desatualizada, pois após o Congresso CDLS Agosto/2017 que aconteceu no Brasil
(Minas Gerais), muitas famílias conseguiram ter mais conhecimento sobre a CDLS
e obteram acesso para fazer o exame genético "Exoma".
Sabemos que o número não impressiona ao nível de saúde pública, mas para
o portador e sua família este número pode representar 100% da família
comprometida.
Fontes:
www.cdlsbrasil.org
www.cdlsbrasil.org
pt.wikipedia.org/wiki/Síndrome_de_Cornelia_de_Lange
SÍNDROME DE CORNÉLIA DE LANGE: RELATO DE CASO CORNELIA DE LANGE SYNDROME: A CASE REPORT RESUMO A síndrome de Cornélia de Lange (SCdL ) é uma desordem genética rara, causada por variantes de genes do complexo de coesinas. É caracterizada por múltiplas anomalias congênitas, que incluem características faciais distintivas, déficit de crescimento pré e pós neuropsicomotor, doenatal, atraso nça do refluxo gastroesofágico e malformações em membros superiores. Descrevese o caso de um paciente do sexo masculino que apresentou alterações fenotípicas compatíveis com a forma clássica da SCdL, cujo diagnóstico pode ser determinado clinicamente mesm o na ausência de confirmação molecular. Sondagem orogástrica e internação em Unidade de Cuidados Intensivos foram necessárias em virtude da dificuldade de sucção; posteriormente, o paciente foi submetido a gastrostomia (GTT). Nos pacientes com SCdL, é fund amental o acompanhamento rigoroso da sucção/deglutição, do ganho ponderal, de malformações cardíacas e do trato urinário e de déficits visuais e auditivos. Palavraschave: de Lange. ABSTRACT Anormalidades Múltiplas. A normalida des Congênitas. Síndrome de Cornélia Cornelia de Lange syndrome (CdLS) is a rare genetic disorder, caused by variants of cohesin complex genes. The disease is characterized by multiple congenital anomalies, which include distinctive facial features, prenatal and postnatal growth def iciency, neuropsychomotor delay, gastroesophageal reflux disease and upper limb malformations. We describe the case of a male patient who presented phenotypic alterations compatible with the classic form of CdLS. The diagnosis can be clinically determined even in the absence of molecular confirmation. O rogastric tube and admission to a neonatal Intensive Care Unit were necessary due to difficulties with suction . Subsequently, the patient underwent gastrostomy. In patients with CdLS, strict monitoring of wei ght gain, cardiac and urinary tract malformations and visual and hearing deficits is essential. Keywords: Abnormalities, Multiple. Congenital A b normalities. De Lange Syndrome. INTRODUÇÃO A síndrome de Cornelia de Lange (SCdL) é uma doença rara, caracterizada por múltiplas malformações, como atraso no crescimento psicomotor, alterações cardíacas, gastrointestinais, musculoesquelética e fácies típicas1. Decorre de mutações em genes que estruturam ou regulam o complexo da coesina, que, por sua vez, tem papel na coesão cromatídica, reparo do DNA e expressão gênica2. A prevalência varia de 1:10.000 a 1:30.000 nascidos vivos. Devido à heterogeneidade no fenótipo, o distúrbio pode se apresentar de diferentes formas, o que dificulta o diagnóstico3. A etiologia é ainda incerta em muitos pacientes e o risco de recorrência é de 2 a 5% para irmãos de um indivíduo afetado4. O diagnóstico, além de se basear em critérios clínicos, pode ser evidenciado através da detecção de cópias anormais e/ou variação da sequência do genótipo. No pré-natal o diagnóstico pode ser desafiador, previsto a partir da junção de características identificadas na ultrassonografia (USG), como aumento da translucência nucal, crescimento intrauterino restrito (CIUR) simétrico, anomalias dos membros e face. Este relato de caso tem como objetivo correlacionar achados e condutas com dados da literatura. RELATO DE CASO Recém-nascido (RN) a termo, nascido de parto cesárea, com 37 semanas e 5 dias de idade gestacional, Apgar 9/10, sem necessidade de reanimação neonatal, peso 1.935 g (pequeno para a idade gestacional). Perímetro cefálico de 31 cm (microcefalia), perímetro abdominal de 29 cm, perímetro torácico de 29 cm e comprimento de 44 cm ao nascer. Mãe de 23 anos, G2PN1A0, apresentou histórico de diabetes gestacional. Suscetível à toxoplasmose; VDRL e HBsAg foram não reatores. Condiloma acuminado com 24 semanas de idade gestacional. Malformações fetais já presumidas em ultrassonografias durante o pré-natal. Realizada USG com idade gestacional de 12 semanas e 1 dia mostrou translucência nucal de 3,2 mm (valor de referência – VR: < 2,5 mm); USG morfológica com 24 semanas revelou mesomelia, acromelia e oligodactilia bilateral; USG com 35 semanas e 5 dias indicou peso fetal inferior ao percentil 3 (p3), com circunferência abdominal também abaixo do p3. Sem contexto infeccioso na gestação e período periparto. Ao nascimento foram constatadas as seguintes malformações: orelhas com baixa implantação, fronte proeminente, retrognatismo, acromegalia, oligodactilia bilateral, membros superiores curtos, genitália ambígua (ausência de testículos em bolsa escrotal, micropênis), tufo de pêlos na região sacral (Figuras 1 e 2). A partir das características fenotípicas, com avaliação pormenorizada das características faciais e o auxílio de geneticista, levantou-se a hipótese diagnóstica de SCdL, confirmada pelos critérios clínicos preconizados pelo Primeiro Consenso Internacional de Diagnóstico e Manejo da SCdL3. Ecocardiograma mostrou comunicação interatrial (CIA) tipo ostium secundum de 1,42 mm, com shunt esquerda-direita e relação Qp/Qs estimada de 1,06. Avaliação tomográfica do crânio apontou alargamento do espaço subaracnoide em fossa média e cissuras silvianas, cavum do septo pelúcido, ausência de sinais de processos expansivos e sistema ventricular com topografia, morfologia e dimensões normais. USG da região inguinal evidenciou presença de testículos. USG de rins e vias urinárias não exibiu alterações. Inicialmente o RN foi encaminhado para alojamento conjunto. Foi necessário o uso de sonda orogástrica (SOG) para nutrição, em virtude de dificuldade de sucção. Após administração de dieta via SOG, o RN apresentou episódios de vômitos em grande quantidade, sendo então encaminhado à UTI neonatal. Apresentou crise convulsiva, recebendo fenobarbital (20 mg/kg via SOG), e episódio de hipertermia (39,1ºC). Foi mantido fenobarbital em dose de manutenção. Para diagnóstico diferencial com hiperplasia adrenal congênita, foram solicitados os seguintes exames: 17-OH-progesterona: 1628 mcg/dL (VR: até 22); testosterona total: 147 ng/dL (VR adultos: 165-173); androstenediona: 6,1 ng/mL (VR < 1,6); cortisol basal: 9,5 mcg/dL (VR: 5,3-22,5); sódio: 134 mEq/dL; potássio: 6,7 mEq/dL. Cursou com baixo aporte hídrico por SOG e oligúria. Tentativas iniciais de obtenção de acesso central de inserção periférica (PICC) foram mal sucedidas. Recebeu terapia de reidratação via SOG, com melhora da diurese. Evoluiu com tolerância à dieta via SOG, mas não progrediu na sucção/deglutição, sendo necessária a realização de GTT. Com boa tolerância à dieta por GTT e adequado ganho ponderal, recebeu alta hospitalar com 63 dias de vida para acompanhamento ambulatorial. DISCUSSÃO A SCdL é uma síndrome rara, que afeta o crescimento, o comportamento e o desenvolvimento cognitivo, além de apresentar manifestações sistêmicas3, 5, 6, 7. O tipo clássico pode ser reconhecido clinicamente por meio das características físicas da criança3. Na variante não clássica a criança pode apresentar características mais discretas8; essa variante representa a maioria dos casos9. O diagnóstico pré-natal pode ser realizado; todavia, é raro. Alterações ultrassonográficas podem auxiliar na hipótese diagnóstica, como aumento da translucência nucal, CIUR simétrico, malformações em membros e anomalias em face1, 10, 11, 12, 13. Estudo molecular pode ser realizado por amniocentese, auxiliando no diagnóstico. Contudo, caso não sejam encontradas mutações, não é possível excluir o diagnóstico1, 3. No caso relatado os seguintes exames pré-natais mostraram: 1. USG com IG de 12 semanas e 1 dia: translucência nucal = 3,2 mm; 2. USG morfológica com IG de 24 semanas: mesomelia, acromelia e oligodactilia bilateral; 3. USG com IG de 35 semanas e 5 dias: peso fetal < p3, circunferência abdominal < p3. É evidente que o feto apresentava características que poderiam incluir a SCdL nos principais diagnósticos diferenciais. No entanto, não foi solicitado teste genético, haja vista que o resultado não iria interferir na conduta adotada posteriormente, um resultado negativo não excluiria a hipótese e o custo seria elevado. O diagnóstico pós-natal de crianças com malformações exige exame físico minucioso14. Na SCdL, o diagnóstico pode ser estabelecido por meio de critérios clínicos e/ou por rastreamento genético com mutações sugestivas de SCdL, envolvendo os genes NIPBL, SMC1A, SMC3, RAD21, BRD4, HDAC8 e ANKRD113, 8. O Primeiro Consenso Internacional de Diagnóstico e Manejo da SCdL estabeleceu em 2018 os seguintes critérios diagnósticos3: Sinais cardinais (2 pontos) 1. Encontro das sobrancelhas na linha média facial e/ou sobrancelhas grossas 2. Nariz curto, nariz côncavo e/ou ponta nasal antevertida 3. Buço longo e/ou sem sulco 4. Lábio superior vermelho e/ou comissura labial voltada para baixo 5. Oligodactilia nas mãos ou mãos com ausência de dedos 6. Hérnia diafragmática Sinais sugestivos (1 ponto) 1. Déficit no desenvolvimento e/ou déficit cognitivo 2. Déficit no crescimento pré-natal 3. Déficit no crescimento pós-natal 4. Microcefalia 5. Mãos pequenas e/ou pés 6. Quinto dedo pequeno 7. Hirsutismo O diagnóstico de SCdL clássica é definido por uma pontuação maior ou igual a 11, estando presentes pelo menos 3 sinais cardinais. De 9 a 10 pontos, com pelo menos 2 sinais cardinais, o diagnóstico de SCdL não clássica é estabelecido. Se 4 a 8 pontos com pelo menos 1 sinal cardinal, está indicado teste molecular para a confirmação do diagnóstico. Caso a pontuação seja menor que 4 pontos não se indica o teste molecular3. O paciente do relato apresentava: encontro das sobrancelhas na linha média e sobrancelhas grossas, nariz curto e côncavo, buço longo e sem sulco, oligodactilia nas mãos, déficit de crescimento pré-natal, microcefalia, mãos pequenas e hirsutismo, totalizando 14 pontos; foi diagnosticada SCdL sem a necessidade de um exame molecular. Após diagnóstico da síndrome é necessário rastrear a criança para malformações; solicita-se ecocardiograma, em função da alta prevalência de cardiopatias congênitas, e USG renal. Exames de imagem do sistema nervoso central estão indicados na presença de convulsões3. No caso relatado o ecocardiograma evidenciou CIA sem repercussão. USG de rins e vias urinárias foi normal. Testículos foram localizados na região inguinal. TC de crânio, apesar de não estar formalmente indicada no momento do diagnóstico, foi importante para afastar outras causas de múltiplas malformações. Existem curvas de crescimento e peso específicas para o acompanhamento de crianças portadoras da SCdL, que devem ser utilizadas pelo pediatra que realizará puericultura8, 15, o qual também deverá orientar aos pais que a vacinação segue o calendário vacinal usual3. A dificuldade de alimentação está presente em muitos casos, podendo ter várias causas, como malformações gastrointestinais e dificuldade de sucção, sendo necessária abordagem multidisciplinar, com participação de fonoaudiólogo3, 8. Sempre que possível deve-se manter a alimentação oral; no entanto, em alguns casos a GTT pode ser necessária2, 3, 8. CONCLUSÃO Tendo em vista que a SCdL bibliográfica configuram tem uma incidência rara, relatos de caso com revisão importante fonte de dados para abordagem de experiências diagnósticas e terapêuticas. No caso As USG pré, foi apresentado um RN com características morfológicas clássicas da doença. natais sugeriam malformações congênitas e CIUR simétrico, porém o diagnó foi definido após o nascimento de acordo com os critérios clínicos stico recomendados pelo Primeiro Consenso Internacional de Diagnóstico e Manejo da SCdL (2018), sem necessidade de um teste genético. Considerando uma abordagem integral do paciente e sua f amília, é preciso levar em consideração o real benefício de um teste diagnóstico de alto custo e que não altera prognóstico e condutas posteriores. O paciente segue em acompanhamento específica , de acordo com c urva s própria ambulatorial s . A puericultura dessas crianças é de crescimento e peso. Acompanhar o desenvolvimento psicomotor e a dificuldade de alimentação nesses pacientes é de extrema importância, sendo necessário promover um suporte multidisciplinar cujo objetivo principal é a melhora na qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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